domingo, 31 de março de 2013

Macabéa

E esse meu coração,apertado de existir, palpita para me provar que há algo que eu não domino e preciso respeitar. Isso é destino? Sei lá!
Um dia talvez eu acorde, sem aquela vontade de enforcar as manhãs, mesmo as ensolaradas e dignas de encantamento. Sem aquele desejo de duplicar, porque não é isso, e eu não sei o que é, melhor seria não desejar a conviver com essa dor de insatisfação e incompletude.
Acho que sou infeliz, não eu não acho, tenho certeza há tempos, e não é isso que me entristece, por incrível que pareça. O que me entristece é a falta de correspondência entre corpo e alma, que não é um problema exclusivamente meu, mas que dói em mim, que é um caroço inflamado.
Macabéa. Sim eu gostaria de ser Macabéa e ter a existência limitada por capas de papel. Eu poderia ter sido inventada.
Ser de carne complica as coisas, porque as vezes o apodrecimento se inicia antes da hora, e o odor abstrato que se alastra incomoda, porque a amargura dói nos ossos, porque acreditamos ter alma e não sabemos para onde ela vai quando o coração para de bater, quando o presente se torna passado e memória.

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