quinta-feira, 28 de julho de 2011

Um passeio para perceber

Na cidade que é rica
As coisas são bonitas
Tudo está no lugar
Casas exuberantes
Canteiros de flores
São verdadeiras obras de arte
Como é bonita a riqueza...
Mas há vida abaixo disso
Tão abaixo que quase  não é vista
O homem negro que revira o lixo
Camufla-se no saco negro de onde tira seu sustento
E nós passamos sem vê-lo
Pois a beleza da região nobre o esmaga
Limitando-o ao chão,
A beleza da riqueza
Ofusca de tal maneira
Que nos cega.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Não existe perfeição

O correto é ser perfeito?
Não entendo isso não.
Como pode a Raça que criou o defeito
Almejar a perfeição?
Pura hipocrisia
Cruel imposição
Diga Não ao modelo!
Diga Não ao padrão!

Não há culpa nisso não
Aliás, "culpa", é pura invenção
Criaram-na na mesma fôrma
Em que se fez a Perfeição...

Ser feliz por ter defeitos
É respeitar essência humana
É respeitar as características dessa espécie
De natureza tão contraditória.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Pôr-do-Sol




Entre o azul do dia
E o breu da noite
Espetáculo de cores
Um brilho alaranjado toma conta da imensidão
E o céu se torna tela para um Rei brincalhão
Que até as nuvens torna em colorido algodão
Da minha janela
Vejo hipnotizada
O melhor momento do dia
Quando o cansaço começa a findar
Quando o Pai de toda cor se retira
Para tingir outro lugar.

sábado, 16 de julho de 2011

Foi apenas um sonho

De costas para a realidade palpável
Caminho em direção as cortinas do inconsciente
Suavemente as abro
E vejo...não posso acreditar
É um novo lugar
Não há espera, descaso ou desrespeito
Pessoas andam plenas, felizes
Livres
As leis estão expostas em museus
Pois a educação existe e funciona
Não há barreiras
As pessoas não se importam com as diferenças
Não há negros ou brancos
Há Seres Humanos
Vivendo em harmonia
E toda forma de amor é válida e natural
Respiro o ar desse lugar
Sinto a liberdade em mim.
Ao longe ouço uma música conhecida
Que me faz recuar
Revendo esse lugar...
De repente abro os olhos
Vejo meu teto
O relógio me diz que já se passaram oito horas de um novo dia
É só o que há de novo
Então
Levanto-me da cama sabendo
Que foi apenas um sonho.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Olhar de poeta

Sob o olhar do poeta
A grama se torna mais verde e viva
Flores desabrocham em todas as estações
E todas as manhãs são manhãs de sol.

Sob o olhar do poeta
O amor toma muitas formas
A tristeza vira inspiração
E até o ódio explode em versos
Que manifestam a indignação

Sob o olhar do poeta
Realidade e fantasia são uma coisa só
Olhar que captura e guarda
Para depois se revelar por palavras
Atadinhas umas as outras por um forte e apertado nó.

sábado, 9 de julho de 2011

Manhã de indignação

Desejo hoje a ingenuidade
Não quero mais entender o que se passa
Não quero mais saber tanta desgraça
Não quero mais enxergar tamanho abuso
Hoje a lucidez senta-se pesada sobre os meus ombros...

Um menino descia o morro
Não se sabe se brincava
Não se sabe o que fazia
Sabe-se que era um menino

Levaram-no
Para onde?
Meu Deus, para onde?
Arrancaram-lhe a vida.

Desejo mais do que nunca a ingenuidade
Já não suporto ver o povo em filas intermináveis
Esperando por seus direitos
Já não suporto a festa dos canalhas
Esbanjando nosso tão suado dinheiro.

Corja de covardes
Hipócritas e assassinos.
Que a vida lhes seja pesada
É o que agora desejo!